EDP Continente e o Fim do Bi-Horário

O tempo é de crise, mas parece-me que as piores notícias ainda estão para vir... Por imposição da troika (dizem-nos), vamos ser obrigados a escolher novos fornecedores de energia eléctrica. O que até poderia ser bom, no caso de termos um saudável mercado de fornecedores onde a lei da concorrência imperasse.

Mas infelizmente, tal como se pode ver pelo nosso bem conhecido caso da liberalização dos preços dos combustíveis... cá em Portugal quem manda é a consertação de preços que faz com que na prática, o consumidor fique sempre a perder (basta dar uma olhada aos placares indicadores dos preços de combustíveis na auto-estrada, com os seus preços foto-copiado de uns para os outros, para demonstrar que a concorrência é apenas "virtual"!)

E suspeito que em breve o mesmo se irá passar na electricidade... Embora por agora já se comecem a ver as primeiras tentativas de aliciar os consumidores, com promoções como o da EDP Continente, que promete 10% do valor gasto em electricidade em talão continente - o que até poderia ser bom... não fosse o caso dos preços e descontos apresentados serem promocionais e válidos apenas até ao final da campanha! Depois disso... bem... ninguém sabe como será.


Mas o que mais me irrita é mesmo que com toda esta conversa, tenha ficado de fora o conceito de tarifas bi-horárias. Parece que a troika não se quer preocupar com essas coisas, e dizem que isso é coisa que "depois" os fornecedores irão oferecer... Ou seja, fica no ar, isso não interessa... o que interessa é por toda a gente a pagar mais.

Se esses senhores da troika querem mexer nas coisas, porque motivo não olham para a palhaçada que continua depois da abolição das mensalidades dos alugueres dos contadores?

Ficamos sem pagar esse aluguer... e passamos a pagar o "preço/taxa da potência" contratada!?! Mas afinal... andamos a brincar? Qualquer dia quando se for ao restaurante também vamos ter, para além do preço da comida que comemos, uma taxa extra por termos entrado no restaurante, por nos sentarmos, e por nos estarem a servir à mesa...

Os resultados das SCUTs já demonstraram bem que os Portugueses não são burros, e que quando se sentem roubados sabem dar uso às alternativas. Aqui neste caso, o facto de não haver alternativas deixa-me preocupado... pois tal como um animal encurralada fica mais perigoso quando não tem por onde fugir, também a iminente roubalheira que se aproxima no mercado energético poderá servir de faísca para inflamar uma sociedade já de si no limite do que é capaz de suportar....