A energia de fusão continua a sofrer do problema de adiamentos constantes, que agora se fazem sentir no ITER europeu.
A equipa responsável pelo reactor experimental de fusão ITER anunciou atrasos. O reactor, projectado para criar e sustentar plasma para reacções de fusão, não verá plasma até 2036, com a fusão de deutério-trítio em plena energia adiada para 2039. Uma data que parece longínqua, mas que na verdade acaba por representar um atraso de quatro anos em relação ao plano anterior, assumindo que não surgem novos atrasos.
O ITER pretende construir um reactor capaz de sustentar plasmas além do ponto de equilíbrio, gerando mais energia do que consome. No entanto, o projecto tem enfrentado atrasos desde o início. Inicialmente, alterações no design devido a uma melhor compreensão do comportamento do plasma causaram alguns atrasos. Mais recentemente, a natureza internacional do projecto, com componentes construídos por diferentes parceiros, e a pandemia de COVID-19, também interferiram com o processo. E a isto, soma-se uma suspensão do regulador de segurança nuclear da França, que quer esclarecer algumas alterações ao projecto.
Durante a reavaliação do projecto, a gestão do ITER decidiu dar prioridade às operações de alta energia desde o início. Em vez de plasmas iniciais de hidrogénio de baixa energia, o novo plano visa operações de plasma até 2034, atingindo energias mais altas. Embora isto signifique o adiamento do uso do plasma final, faz com que os poderosos ímanes do reactor atinjam a potência total apenas três anos depois do previsto. As operações de plena potência com mistura de combustível de deutério/trítio ficam agendadas para 2039.
O maior risco do projecto é sofrer novos atrasos, que empurrem esta data para ainda mais tarde. Recentemente, o ITER optou por mudar o material da parede interna de berílio para tungsténio (à semelhança de vários outros projectos de fusão), levando a alguns dos atrasos. Além disso, vão-se multiplicando startups comerciais que prometem fusão viável "para breve", o que, a concretizar-se (e esperemos que sim), pode tornar todo o projecto ITER obsoleto na data em que deveria ficar operacional.
quarta-feira, 17 de julho de 2024
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