Aceder a uma Câmara IP de Fora de Casa

Poder ver com os nossos olhos o que se passa no interior (ou ao redor) da nossa casa, mesmo quando estamos longe, foi algo que durante muito tempo pareceu uma fantasia apenas possível em filmes de ficção científica ou ao alcance dos mais ricos. Felizmente, graças à descida de preços dos equipamentos electrónicos e à democratização da internet, é algo que agora está ao alcance de qualquer um.

Há inúmeras soluções que nos permitem ver o que se passa em nossa casa a partir da internet, como por exemplo, deixar o nosso computador com uma webcam ligada (podendo ser acedida via hangout do Google+). No entanto, nem sempre é simples colocar uma webcam USB nos pontos que desejamos; e para além disso, torna-se obrigatório deixar o computador ligado, representando custos acrescidos na factura enegética.

Daí que a solução mais eficiente passe pela utilização das chamadas câmaras IP. Estas câmaras podem ser ligadas directamente à vossa rede (via cabo ethernet e/ou WiFi), sem necessidade de um PC a controlá-las.
Actualmente, é possível encontrar câmaras IP a preços verdadeiramente irresistíveis, inferiores a 100€ (e até mesmo na ordem dos 50€, se procurarmos bem nas lojas online), quer para modelos de interior, motorizados, ou exteriores. (Como é o caso da Foscam que já aqui mencionei).


O acesso a estas câmaras faz-se a partir de um qualquer browser, permitindo visualizar o streaming de vídeo em tempo real e aceder às inúmeras opções que vos permitem definir os endereços das câmaras, a qualidade da imagem, definições de acesso (público ou privado com password), e até configurar emails de alarme e envio de fotos por FTP em caso de detecção de movimento.

No entanto, a parte que na maior parte das vezes continua a baralhar os utilizadores, é a forma como conseguirão aceder às suas câmaras a partir de qualquer ponto do mundo. Se na sua rede caseira podem espreitar as câmaras introduzindo um IP local no browser, como 192.168.0.55 ou 192.168.0.56; esses números de nada servem quando estão fora de casa.

Por isso torna-se necessário recorrer a um serviço de DNS dinâmico, como o disponibilizado pelo DynDNS.com ou No-IP.com, que nos permitirá criar um domínio de acesso às nossas câmaras caseiras.

Embora seja possível configurar este tipo de serviço nas próprias câmaras, torna-se bastante mais eficiente configurá-lo no vosso router (uma vez que também será necessário configurar alguns parâmetros adicionais.) Praticamente todos os routers possuem uma secção dedicada a este tipo de serviços, pelo que bastará criarem uma conta num deles, e introduzirem os vossos dados na secção respectiva.

A partir deste momento, poderão aceder ao vosso endereço de casa usando o nome que definiram no serviço, como por exemplo “aminhacasa.no-ip.com”. No entanto, se tentarem introduzir este endereço num browser, tornar-se-á o equivalente saberem onde mora alguém mas... baterem com o nariz na porta.

É agora necessário configurar o vosso router para que vos deixe “entrar” em casa - melhor dizendo, ter acesso aos IPs das câmaras. E para isso é necessário adicionar algumas entradas na secção de “port-forwarding/redireccionamento de portas”.

Nesta secção iremos especificar qual o canal de entrada que irá dar acesso a cada uma das câmaras que pretendemos ver do exterior. Por exemplo, criamos uma nova regra que direccione os pedidos exteriores recebidos na porta 45678 para o IP local 192.168.0.55 (a nossa câmara IP) na porta 80 (a porta de acesso “web”).

E agora sim, se introduzirem no vosso browser o endereço ”aminhacasa.no-ip.com:45678” poderão aceder à camara em vossa casa, a partir de qualquer ponto do mundo.

No caso de terem múltiplas câmaras, bastaria criar novas regras de acesso, por exemplo definindo uma outra porta 45679 para ser redireccionada para o IP da segunda câmara (igualmente para a porta 80 de destino, essa mantém-se constante para todas.)

No caso do vosso router permitir apenas o redireccionamento directo de portas sem "transposição", será necessário configurar as câmaras para que funcionem nas portas respectivas em vez da porta 80 pré-definida (e obrigando a que, mesmo quando acedem através da rede interna caseira, tenham que especificar a porta seleccionada.)


A partir deste momento poderão ficar bastante mais descansados, sabendo que podem ver o que se passa em vossa casa a partir de qualquer computador ou smartphone - ou que receberão emails de aviso caso seja detectado movimento (desde que haja electricidade e ligação à internet disponível, obviamente.)