terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

Metade dos consumidores não liga electrodomésticos "smart" à internet

A LG revelou um dado curioso, que menos de metade dos seus electrodomésticos inteligentes são ligados à internet.

Poderia pensar-se que quem compra um electrodoméstico com funcionalidades avançadas e capacidade de ligação à internet se apressasse a activar essa ligação. Mas, não parece ser o caso, e não se poderá censurar os consumidores. Além disso, o cenário não se limita à LG, com outras marcas como a Whirlpool dizerem que têm "mais de metade" mas sem especificarem exactamente quantos (conhecendo-se os departamentos de marketing, mais de metade poderá representar 50.1%).

Depois de todos os escândalos de abusos de tracking de utilizadores, desde o mediático caso do Facebook, a todos os outros potencialmente ainda mais importantes mas que passam mais despercebidos (como o tracking feito pela publicidade online), é apenas natural que os consumidores não tenham grande confiança na forma como os seus dados são usados. Adicionalmente, em muitos destes electrodomésticos, o principal benefício é para o fabricante e não para os utilizadores. O utilizador poderá receber uma ou outra notificação ocasional (normalmente a lembrar-lhe que está na altura de gastar dinheiro, com substituição de filtros, por exemplo) mas o fabricante fica com uma valiosa fonte de dados que lhe permite saber como é que cada electrodoméstico está a ser utilizado, e daí inferindo toda uma série de informação, sobre os produtos e também sobre os utilizadores.
O caso complica-se quando, como no caso da LG, nem sequer é dado aos utilizadores a opção de não partilharem dados com o fabricante, com este a dizer apenas que os dados são "anonimizados" - algo que, já por repetidas vezes, foi demonstrado que nem sempre é tão verdade quanto se pensa.

Parece ser inevitável que, tal como nas apps se implementaram "etiquetas de privacidade" inspiradas nas etiquetas de eficiência energética dos electrodomésticos, também os electrodomésticos e demais equipamentos IoT deverão adoptar uma etiqueta que indique esse tipo de informação, que dados são recolhidos, qual o prazo assegurado para actualizações de segurança, etc. E mesmo assim, estamos sujeitos a que, um dia destes, nos deparemos com um frigorífico, forno ou aspirador, que se recusa a trabalhar porque diz que não consegue contactar o servidor central para obter autorização de funcionamento.

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